Opinião
ADELMO PINHO
Por Adelmo Pinho em 07/07/2023
Preconceito Judicial

A Suprema Corte dos EUA, por maioria (6x3), em 30 de junho deste ano (2023), decidiu que a liberdade de expressão está acima da lei antidiscriminação. O caso concreto foi resultado de uma ação movida por uma empresária de design do Estado do Colorado, que questionou uma lei estadual que proibia a discriminação em negócios comerciais.

 

A empresária Lorie Smith defendeu na ação que a sua empresa de design de sites de casamento não era obrigada a desenvolver páginas para casais de pessoas do mesmo sexo, com base na Primeira Emenda da Constituição norte-americana, que garante a liberdade religiosa e de expressão.

 

Indaga-se: será que essa decisão da Suprema Corte Americana estender-se-á a outras formas de preconceitos? A defesa do direito à liberdade de expressão e de manifestação religiosa não pode gerar discriminação.

 

O fundamento usado pela maioria conservadora dos juízes da corte dos EUA, de que “todas as pessoas são livres para pensar e falar como quiserem, não como o governo exige” (Emenda n. 01), no caso concreto, desumaniza e discrimina.

 

A intervenção mínima do estado na vida do cidadão revela-se importante, como estabelece a referida Emenda n. 01. Por outro lado, a liberdade de expressão ou de religião não são absolutas ou sem limites, devendo ser confrontadas com outros Princípios Constitucionais.

 

No Brasil, diferentemente, o STF em 2019 enquadrou homofobia e transfobia como crimes de racismo ao reconhecer omissão legislativa na Lei n. 7.716/89. Vivencia-se, pois, um retrocesso na esfera judicial, no país que se diz o maior defensor dos direitos individuais das pessoas e invoca o “Capitão América” , como o seu herói.

 

Essa decisão judicial é sectarista, pois autoriza a negar-se atendimento a gays numa relação negocial, reduzindo essa minoria a uma classe inferior da sociedade norte-americana.

 

Enfim, qual o sentido ou o limite dessa decisão judicial? Ela poderá abranger outros serviços prestados a qualquer pessoa da classe LGBTQIA+? A decisão em questão, assim, consubstancia-se num retrocesso para a humanidade, afronta a civilidade e discrimina o ser humano. Basta! O nazismo e o fascismo já deixaram marcas terríveis à humanidade.

 

Recentemente a mesma Corte Judiciária proibiu que universidades do país priorizem estudantes pelo critério de raça nos processos coletivos. A credibilidade e a segurança jurídica da Suprema Corte dos EUA saem arranhadas e abaladas com mais essa decisão. Com razão Thomas Hobbes: o homem é o lobo do homem.

 

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ADELMO PINHO
Por Adelmo Pinho em 26/06/2023
Juventude eterna

A expectativa de vida ao nascer do brasileiro em 2021 era de 77 anos, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Na década de 80, a expectativa de vida das mulheres era de 71 anos e a dos homens, 64,8 anos. A mulher comumente vive mais que o homem ...

 

O aumento dessa expectativa de vida pode gerar a chamada “idade psicológica”, ou seja, aquela que a pessoa acredita que tenha, ainda que a idade cronológica ou a certidão de nascimento a desminta. É a sensação de estar sempre jovem.

 

Perguntar para alguém a idade, atualmente, pode até soar como ofensa. O avanço da ciência é um fator preponderante para o aumento da expectativa de vida. A prevenção de doenças, tratamentos avançados na área da saúde, medicações inovadoras, cirurgias estéticas ...

 

Tudo caminha para que os humanos passem a ser centenários. A adoção de políticas públicas relacionadas ao saneamento básico melhora a qualidade de vida do homem e contribui para a longevidade.

 

A prática de atividade física, boa alimentação, bom humor, projetos de lazer, trabalho prazeroso, família saudável, amigos e relacionamento social, são fatores que também influenciam positivamente para o aumento da longevidade.

 

O estar “ativo”, em todos os sentidos, é motivacional. Tem até aquela piada para os “jovens psicológicos”: “parecem com caminhão de cana; a carroceria é velha, mas a documentação é nova”.

 

As estatísticas comprovam que a população mundial está envelhecendo, por consequência, os jovens estão diminuindo. Poupar e fazer uma reserva financeira é importante para enfrentar a velhice.

 

Paralelo à sensação da eterna juventude, tem-se o fenômeno do chamado “alargamento da juventude” ou como diz o filósofo Pondé, a slow life strategy (estratégia lenta de vida).

 

Fazem parte desse estilo de vida pessoas adultas, comumente com mais de 30 anos de idade, que não trabalham, não estudam, não assumem responsabilidades, não tomam decisões e são dependentes financeiramente dos pais.

 

Esse “modo de vida” é recente, mas está aumentando progressivamente, causando preocupação, porque pode eternizar como jovem e imaturo, um adulto acomodado ou alienado.

 

Esse fenômeno pode ter como causa a evolução (ou involução) da sociedade, a forma de educar dos pais ou mesmo aspectos econômicos ou sociais. Desse modo, cabe a cada um a reflexão sobre a necessidade ou não de mudança sobre a slow life strategy. Vida longa a todos e não se acomodem!

 

** Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação

 

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ADELMO PINHO
Por Adelmo Pinho em 15/06/2023
Papisa?

Reza a lenda que na idade média “Joana” reinou como papa e governou a Igreja Católica. Não existe, porém, fonte ou prova segura da veracidade da existência da suposta papisa e a maioria a reputa como uma ficção, advinda de uma sátira antipapal. Verdade ou mentira, mas, uma papisa pode surgir?

 

O viés conservador do catolicismo vem sendo mitigado pelo atual papa, Francisco. Ele é considerado progressista e tem enfrentado temas polêmicos, como a pedofilia na igreja, o fanatismo mundial e o casamento entre pessoas do mesmo sexo, deixando de lado dogmas tradicionais do catolicismo.

 

Em 26 de abril deste ano (2023), numa decisão histórica, Francisco autorizou o voto feminino no Sínodo dos Bispos, reunião em que se debate e decide questões ideológicas e internas da igreja. A discussão sobre a igualdade de gênero aumentou na gestão de Francisco, fazendo com que mulheres ingressem no protagonismo de decisões inéditas no Vaticano.

 

A possibilidade do diaconato (primeiro grau de ordenação católico) feminino na Igreja Católica deu o seu primeiro passo em 2016, quando Francisco criou uma comissão para discutir o assunto. O motivo da resistência feminina no baixo ou alto clero na Igreja Católica estaria ligado ao fato histórico, de que Jesus somente escolheu homens para serem apóstolos.

 

Em 1994, o papa João Paulo II, na carta apostólica, Ordinatio sacerdotalis, decidiu que não caberia à igreja discutir tal assunto, ou seja, para ele, o dogma permaneceria.

 

Poderia, talvez, a corrente progressista do catolicismo fundamentar que: se a igreja admite a canonização de mulheres, que são declaradas santas, por que em vida não podem ser ordenadas, como padres e bispos? Ou, então, se Deus criou o ser humano (o homem e a mulher) à sua imagem e semelhança, por que a mulher não pode ser sua intermediária e ordenada na fé, como o homem?

 

Santo Agostinho escreveu: se alguém vier a firmar a autoridade do texto sagrado contra a razão clara e manifesta, quem faz isso não sabe o que empreendeu; porque opõe à verdade não o significado da Bíblia, que está além de sua compreensão, mas apenas na sua própria interpretação, não o que está na Bíblia, mas o que encontrou em si e imagina que esteja lá.

 

Enfim, a interpretação à Bíblia sobre esse tema deve manter-se conservadora ou progressista? A Bíblia revela que Jesus foi o maior defensor da igualdade e dos excluídos socialmente. Será que, interna corporis, a Igreja Católica resistirá aos anseios sociais pela igualdade entre o homem e a mulher?

 

O empoderamento da mulher na igreja certamente trará bons efeitos para toda a sociedade. A papisa, nesse cenário, poderá deixar de ser lenda para se tornar realidade? Só o tempo dirá ...

 

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ADELMO PINHO
Por Adelmo Pinho em 08/06/2023
Turma de Futebol

Futebol é paixão e vida! Nem toda esposa gosta que o marido saia de casa para jogar futebol com os amigos, mas é um bem necessário. Jogo futebol aos sábados à tarde, no “Rancho do Dr. Ferrari”, em Araçatuba. Para quem gosta de ambiente saudável, de esporte e amizade, esse é o lugar adequado!

 

Doutor Ferrari, nosso anfitrião, dentre outras qualidades, é uma pessoa acolhedora, dotada de singular humildade e gentileza, tal como o seu filho, o querido amigo, Nando. Denha é o nosso grande diretor de esporte.

 

Os colegas e amigos, Alexandre, Amauri, Anselmo, Arnaldinho, Barão, Carlos, César, Chiquinho, Deri, Didi (Dr.), Diogo, Dório, Edinho, Du, Dudu, Fábio, Fares, Glauco, João, Júlio, Lelo, Léo, Luís Fernando, Marcão, Marcelo, Márcio, Maurício, Maurício (Mau) Motooka, Murilo, Niltinho, Okamoto, Pablo, Ricardinho, Rillo, Roberto, “Rodrigos” (Mazilli e Molina), Ronaldo, Tuim e Vini completam essa seleta turma.

 

Penso que viver bem é preciso, praticar esporte, também, e fazer amizades, mais ainda. É que, com o tempo, naturalmente, afastamo-nos da maioria dos amigos ou quando não, eles partem para um plano mais elevado ...

 

Quando chegamos ao rancho nesses sábados, deixamos de lado os problemas e a tristeza. Todos se cumprimentam com abraços, que é o “melhor lugar do mundo”, como compôs Jota Quest.

 

Ninguém no rancho permanece ileso a um apelido. Durante o jogo, impera a disciplina e o respeito, sob a arbitragem de Tião, que sempre se mantém atento ao relógio e esperançoso que uma nuvem lhe faça sombra.

 

Depois do “clássico”, temos a “mordomia”, com comidas e bebidas variadas. Sem menoscabo ao jogo, tenho a mordomia como o melhor momento dessa convivência. A confraternização é tomada por comentários sobre o jogo que findara e dos times de futebol nacional – e o Corinthians vai mal ...

 

O riso é rotineiro e contagiante, com muitas histórias para animar a festa. Tuim é o mestre da animação! Tem-se discurso prolixo e até monólogo “Doriano”, sem prejuízo de histórias de pescador ... No plano místico, existe uma lenda no rancho, de um fantasma que subtrai lanches do Deri ...

 

A sensação nesse ambiente é a de voltar aos tempos da juventude, com momentos de descontração, brincadeiras, companheirismo e quando não, de confidências, economizando-se psicólogo. São essas vivências que nos motiva a sair da cama, “carregar a bateria” e enfrentar a vida como ela é, compensando-se com o que de ruim ou mal aconteça. Aproveitemos, assim, a vida!

 

Shakespeare, sempre atual, há séculos, ensinou: Com o tempo se aprende que o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida, e que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.

 

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ADELMO PINHO
Por Adelmo Pinho em 01/06/2023
Vini Júnior e a 'ponta do iceberg'

Quem já leu o Tratado Sobre a Tolerância, de Voltaire, sabe o que significa intolerância religiosa. A intolerância e o preconceito estão arraigados na sociedade. Vinicius Júnior, o “Vini Jr.”, jogador brasileiro de futebol, que atua no clube Real Madrid, está sendo alvo de reiterados atos de discriminação no Campeonato Espanhol, por ser negro.

 

Chama à atenção a manifestação da torcida de times adversários ao Real Madrid, atribuindo em coro ao jogador a denominação de “macaco” , inclusive, atirando-lhe bananas. Entidades ligadas ao esporte estão se manifestando em repúdio contra as agressões racistas ao jogador. A diplomacia brasileira, também.

 

Mas, repudiar, somente, não basta. Cabe às autoridades da Espanha tomar providências firmes na esfera criminal e no âmbito do futebol sobre as atitudes racistas desses torcedores imbecis, que estão a afear o futebol, com ofensas a um profissional de excelência, humilde, que só faz aformosentar esse esporte.

 

É repugnante presenciar tal cenário em pleno século 21, mesmo depois do nazismo e do fascismo. Talvez esse ranço racista seja reflexo do fato de a Espanha, no século XV, ter participado da colonização do continente africano, em especial nas ilhas Canárias, as quais estavam ligadas ao comércio de escravos.

 

O problema, assim, não é de rivalidade entre clubes; o “buraco é mais embaixo” . O indivíduo racista comumente esconde essa condição, a qual se exterioriza quando do seu descontrole emocional (como numa torcida de futebol), levando-o a “mostrar a cara” , a sua cólera e a voz do preconceito.

 

Na Europa há resistência a entender a discussão racial. A filósofa Djamila Ribeiro, no lançamento do seu livro na Alemanha, afirmou que existe uma visão eurocêntrica dos europeus em não compreender as realidades sociais.

 

Infelizmente, existem milhares de vítimas como Vini Júnior que sofrem ataques racistas. Trata-se de uma cultura de discriminação que deve ser combatida com rigor, com a aplicação de sanções exemplares, pois está em jogo o perpetuar do desrespeito e da ofensa à dignidade do ser humano.

 

A conclusão que se chega sobre tais ataques racistas, é a de que a estupidez humana é infinita, mas a sabedoria não!

 

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